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domingo, 16 de março de 2014

Corrupção à solta


Diz o Partido dos Trabalhadores, em texto publicado em seu site, “temos enfrentado dificuldades em mudar o sistema político, verdadeira camisa de força que impede transformações e impõe um “presidencialismo de coalizão” que corrói o conteúdo programático da ação governamental”. Parece trecho de documento subscrito por opositores do governo. A arteirice decorre da omissão do início da frase, que elimina dúvidas: “Desde 2003 temos enfrentado dificuldades...” Sim, é um texto do PT, que diz mais: “O partido é prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção e de uma atividade parlamentar que dificulta mudanças”.
Essa pungente confissão de rendição às forças do mal, as mesmas que durante 20 anos prometeram dizimar com destemor, é de tal modo falsa que sugere uma questão óbvia aos petistas: afinal, por que esperaram 10 anos para verberar a corrupção que os transformou em “prisioneiros”, para profligar o “Presidencialismo de coalizão” do qual sempre se gabaram e para repudiar uma “atividade” parlamentar que dificulta a mudança? A resposta é óbvia: porque há 10 anos Lula e seus asseclas estão comprometidos até o pescoço, numa ação mútua de cooptação, com os mais evidentes prepostos do que há de pior na vida pública brasileira; com as lideranças retrógadas que se alimentam da corrupção, exigem “coalizão” para se locupletarem no exercício do poder e comandar uma “atividade parlamentar” que não quer saber de mudança alguma.
Há, porém, outra questão curiosa que o documento suscita, além de tentar neutralizar os reflexos negativos do mensalão e da prisão dos seus figurões, quando associada à inesperada atitude de Lula de atacar o presidente do STF, Joaquim Barbosa, por conta da condenação do “hoteleiro” José Dirceu e seus cúmplices na roubalheira do dinheiro do erário. Mas isso era o que se dizia nos círculos petistas antes da prisão de sua elite.
Faz sentido, afinal, se o PT é vítima de instituições corruptas, vítimas também são seus “bravos” dirigentes que enfrentam “dificuldades” para resistir à gatunagem.
Por Antonio Lins

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