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domingo, 16 de março de 2014

CGI, um dos instrumentos da ‘utopia autoritária’ dos militares


  • Lado pedagógico da repressão pretendia pôr fim à corrupção com a aplicação de medidas saneadoras, diz historiador
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BRASÍLIA — A Comissão Geral de Investigações (CGI) foi criada dentro da lógica que a historiadora Maria Celina D’Araujo, da PUC-Rio, chamou de “utopia autoritária” — um conjunto de crenças que dava base ao regime e pressupunha que os militares eram superiores aos civis em questões como patriotismo, conhecimento da realidade nacional e retidão de caráter.
Seguindo esse raciocínio, seria possível, na avaliação dos militares, pôr fim à corrupção, à subversão e ao comunismo por meio da aplicação de medidas corretivas ou saneadoras.
— A ideia era que a sociedade brasileira é despreparada, de que não conseguimos jogar lixo na lixeira, de que não sabemos votar e de que não conseguimos ficar imunes aos políticos demagogos, por isso precisamos de uma mão forte que nos conduza. Isso gera uma repressão, que não se reflete apenas na tortura e no assassinato, mas também em instrumentos como a CGI — explica o historiador Carlos Fico.
Outra face deste lado pedagógico da repressão era, segundo o historiador, a censura aos costumes, que atuava sobre a produção cultural. Por meio da Divisão de Censura às Diversões Pública, procurava-se eliminar de qualquer letra de música, capítulo de novela, peça de teatro ou página de livro mensagens que fossem contra o ideal moralizador da ditadura.
Esta outra vertente da repressão contava ainda com a propaganda estatal, fosse na tentativa de educar a população em campanhas como a do Sujismundo, fosse em campanhas como “Brasil, ame-o ou deixe-o”, ostentadas em objetos de uso diário e nas janelas dos carros para difundir a ideia de que o verdadeiro patriota deveria concordar com as decisões do governo.


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