Rio chegou a cota de 25,35 metros, a maior em mais de cem anos
O Rio Madeira atingiu nesta sexta-feira, 28, a cota de 25,35
metros, a maior em mais de cem anos, e já encobriu quase 50% da área
urbana de Humaitá, no sul do Amazonas, a 600 km de Manaus. É a cota mais
alta do rio ao longo em todo o percurso amazônico. Em Porto Velho (RO),
que também está alagada, o nível do rio estava a 19,66 metros. Humaitá
tem 46 mil habitantes e contabiliza mais de 20 mil desabrigados. Nove
dos 13 bairros estão tomados pela água e a população sofre com a falta
de combustível – pelo menos dois postos estão submersos -, alimentos e
apagões de energia elétrica. As escolas que não estão alagadas foram
transformadas em abrigo para os flagelados, e, por isso, o ano letivo
ainda não começou. A maior parte do comércio está paralisada e os barcos
se transformaram no único meio de locomoção. Com as rodovias de acesso
tomadas pela água, a cidade está ilhada. “Estamos em estado de
calamidade desde fevereiro, mas as águas continuam subindo”, disse o
advogado Carlos Terrinha. Seu escritório, na região central, está com um
metro e meio de água. Ele responsabiliza as barragens de Jirau e Santo
Antonio, no Rio Madeira, pela que considera a maior cheia da história.
“O governo distribui cestas básicas, mas isso não resolve. O prejuízo é
imenso.” Na cidade, multiplicam-se os casos de doenças transmitidas pela
água. Os poços artesianos foram encobertos e contaminados. O Hospital
Regional está superlotado com 600 pacientes acometidos de virose, febre e
diarreia, além de 60 casos de dengue e pelo menos um já confirmado de
leptospirose. A Marinha enviou um navio-hospital para atender a
população ribeirinha. Segundo o prefeito José Sidenei Lobo (PMDB),
comunidades rurais estão completamente isoladas e sem combustível para
chegar de barco à cidade. Balsas usadas em garimpos foram transformadas
em abrigos para pessoas doentes.
Fonte: Política Livre
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