Cálculos feitos pela própria Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo (Sabesp) projetam um cenário ainda mais pessimista
para o fim do "volume útil" do Sistema Cantareira. A empresa estima que,
no pior panorama, a água represada acima do nível das comportas do
manancial que abastece 47% da Grande São Paulo e a região de Campinas se
esgote em 21 de junho, 9 dias após o início da Copa do Mundo.
Há
duas semanas, o Estado revelou que o comitê anticrise que monitora o
Cantareira havia antecipado de agosto para julho a previsão de
esgotamento do "volume útil", que corresponde a 981,5 bilhões de litros.
Ontem (28), o nível acumulado nos cinco reservatórios que compõem o
sistema voltou a cair, atingindo apenas 13,8% da capacidade, segundo a
Sabesp. Esta é a primeira vez na história que o índice fica abaixo dos
14%.
De acordo com a Sabesp, "a previsão é feita tomando
como base o cenário mais crítico das vazões mínimas registradas nos
afluentes do Sistema Cantareira na série histórica de 1930 até hoje". A
estiagem neste último verão foi bem mais severa do que a de 1953, que
era considerada a pior da história até então.
O novo
cenário pressiona ainda mais a Sabesp a concluir a instalação dos
equipamentos para captar a água do chamado "volume morto" do Cantareira,
cerca de 400 bilhões de litros que ficam no fundo dos reservatórios,
abaixo do nível das comportas. Trata-se de uma reserva estratégica nunca
utilizada e, por isso, a qualidade da água é questionada por alguns
especialistas. Segundo a Sabesp, ela é perfeitamente tratável.
A
companhia informou que estará apta a fazer a captação profunda entre
maio e junho e, por isso, descarta racionamento de água generalizado no
Estado. As obras começaram há duas semanas e estão orçadas em cerca de
R$ 80 milhões. Ao todo, 17 conjuntos de bombas serão instalados nas
represas Jaguari e Jacareí, em Joanópolis, e Atibainha, em Nazaré
Paulista, para bombear 2 mil litros por segundo até 12 metros de altura,
para atingir as comportas.
Segundo o governador Geraldo
Alckmin (PSDB), o sistema vai captar até 196 bilhões de litros do
"volume morto". Para a Sabesp, a quantidade é suficiente para abastecer
as Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas por cerca de quatro
meses. Ou seja, até o fim de outubro, início da próxima temporada de
chuvas.
Crise
Ontem (28), as represas Jaguari e
Jacareí, consideradas o coração do Cantareira porque armazenam 82% da
água do manancial, estavam com apenas 6,6% da capacidade, a mais baixa
já registrada. Há um ano, o volume armazenado em todo o manancial
correspondia a 61,9% da capacidade.
Já o Sistema Alto
Tietê, que desde dezembro passou a abastecer parte dos imóveis da
capital paulista que recebiam água do Cantareira, também caiu e atingiu o
nível mais baixo nos últimos dez anos para o mês de março: 37,6% da
capacidade.
Segundo a Sabesp, atualmente 2 milhões de
imóveis paulistanos recebem água revertida dos sistemas Alto Tietê e da
Guarapiranga, cujo nível está em 76,7%. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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