Após
o presidente paraguaio afirmar que "não continuará cedendo" energia, embaixador
brasileiro responde que são pagos US$ 360 milhões ao ano ao país vizinho. O
embaixador Tovar Nunes, porta-voz da Chancelaria do Brasil, afirmou nesta
quinta-feira que seu país "paga" pela energia da represa de Itaipu e que o
Paraguai "não a cede", como disse
ontem o
presidente do país, Federico Franco. "Não existe cessão de energia, ela é
comprada. Essa energia, o Brasil não tem de graça", declarou o porta-voz, citado
pela Agência Brasil (oficial), em alusão à eletricidade gerada pela represa
binacional de Itaipu. As declarações do presidente Franco tiveram uma grande
repercussão no Brasil, sobretudo por sua afirmação de que o Paraguai decidiu de
forma "clara" que seu país "não continuará cedendo" energia.
"Notem
que usei a palavra 'ceder', porque o que estamos fazendo é dar energia para o
Brasil e a Argentina, pois não a estamos vendendo", disse Franco segundo versões
publicadas pela imprensa brasileira. Tovar lembrou que tudo relacionado à
represa de Itaipu está regulado por um tratado, segundo o qual Brasil e Paraguai
têm direito, cada um, a 50% da eletricidade gerada, que estabelece claramente
que a energia não utilizada deve ser vendida ao outro sócio. Como o Paraguai
satisfaz sua demanda com apenas 5% da eletricidade de Itaipu, o restante acaba
no Brasil, que desde 2011 paga por essa energia cerca de US$ 360 milhões (R$
729,612 milhões) ao ano. O preço foi triplicado neste ano, após longas
negociações lideradas pelo então presidente Fernando Lugo, que já tinha feito
desse aumento uma bandeira desde a campanha eleitoral que o levou ao poder em
2008. O porta-voz disse ainda que o Brasil "Não há conhecimento de que se
pretenda fazer ajustes" e que não recebeu "nenhuma comunicação oficial" sobre a
suposta "decisão" de Franco, que de ser formalizada deveria ser "negociada" por
ambos os países. O Brasil mantém praticamente congeladas suas relações com o
Paraguai desde a destituição de Lugo, em junho passado, e promoveu a suspensão
temporária desse país do Mercosul, bloco que também é integrado por Argentina e
Uruguai.
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