Em discurso agora pouco
na Câmara Municipal de São Paulo, por volta das 15h45, o vereador Agnaldo
Timóteo (PR), de 76 anos, mandou cerca de cem servidores na plateia calarem a
boca e falou que eles eram "idiotas" e "animais". Timóteo
defendia o Regime Militar e atacava os trabalhos Comissão da Verdade instalada
no Legislativo desde o início do mês. "Calem
a boca seus animais, seus idiotas!", disparou Timóteo para os servidores
municipais que estão em campanha salarial e que lotaram as galerias do Palácio
Anchieta para acompanhar a sessão ordinária. O cantor-vereador seguiu batendo
boca com a plateia até o presidente Jose Police Neto (PSD) pedir a palavra. Ele
solicitou calma aos servidores e para o vereador e, em seguida, devolveu a
palavra a Timóteo.
Durante
mais três minutos, sob uma plateia silenciosa, Timóteo afirmou que "não se
pode condenar todo o Regime pelos erros de alguns de seus agentes" e que a
PM em São Paulo estava sendo perseguida. "Em 1970 nós éramos 90 milhões em
ação, não podemos esquecer disso. E todos os presidentes militares morreram
pobres, enquanto muitos dos nossos representantes eleitos se aposentam
milionários", discursou. Não vejo um documentário falando das estradas que
os militares construíram, das grandes obras. Só falam mal, a grande mídia faz
uma perseguição odiosa ao Regime", emendou. Logo ao
final do discurso de Timóteo, o vereador Ítalo Cardoso (PT) apresentou
requerimento na Corregedoria da Casa acusando o vereador de quebra de decoro
parlamentar. "Pela manhã ele já havia ofendido o público que veio
acompanhar a audiência da Comissão da Verdade. Ele quebrou o decoro hoje duas
vezes, de manhã e à tarde", disparou o petista. O artigo 140 da lei
orgânica do Legislativo diz que o vereador não pode se manifestar de maneira
ofensiva quando estiver em discurso no plenário. A plateia também xingou Timóteo quando ele deixava o plenário. O vereador
está no segundo mandato e tenta a reeleição em outubro pelo PR. "Sou
torneio mecânico desde os 14 anos, sou semialfabetizado. Sempre busquei meu
espaço com dignidade. Falo com propriedade", argumentou o vereador.
Fonte ESTADÃO
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