Livro
desvenda os mecanismos cerebrais que determinam a veneração masculina por essa
parte do corpo da mulher. Não há como negar o poder de atração dos seios. O
mercado entendeu essa fascinação e a cada ano lança novos sutiãs
superpoderosos, capazes de transformar qualquer Twiggy em Sophia Loren. Meros
decotes ganham status de “notícia”, classificando diversas manchetes pelo
mundo. O número de cirurgias estéticas para colocação de próteses de silicone é
sonho de consumo até de adolescentes. E boa parte das mais desejadas mulheres
do planeta tem tal parte do corpo bastante avantajada, vide a eterna “Baywatch”
Pamela Anderson e a exuberante Christina Hendricks. Especialista na devoção
masculina a esse símbolo absoluto da feminilidade, a Playboy recentemente
lançou a sua “Batalha de Peito”, uma competição no estilo “mata-mata” na qual
16 mulheres disputaram o título de dona dos seios mais bonitos do Brasil. Na
briga, a ex-BBB Adriana Sant’Anna levou a melhor, deixando para trás outra
beldade pra lá de curvilínea, Andressa Ribeiro, musa do “Hipertensão”, da Rede
Globo. Em 15 confrontos, o concurso teve 115 mil votos. Mas o que explica
tamanha atenção dada a contornos que todos nós conhecemos desde o nascimento? A
novidade a respeito do assunto é o livro “The Chemistry Between Us: Love, Sex
and the Science of Attraction” (“A Química Entre Nós: Amor, Sexo e a Ciência da
Atração”, sem edição brasileira), dos autores Larry Young e Brian Alexander.
Sucesso lá fora, a obra recorre à biologia para explicar os mecanismos
cerebrais por trás de todo relacionamento, e os seios, é claro, têm destaque
nas páginas. Especialista em neurociência do vínculo social, o PhD Larry Young
explicou em coluna publicada no The Huffington Post: “Os homens são os únicos
mamíferos do sexo masculino fascinados por seios em um contexto sexual”. Para
ele e seu colega Brian, essa atração começa ainda na fase de amamentação,
quando a ocitocina, também conhecida como “hormônio do amor”, é liberada pela
mãe. A produção dessa poderosa substância tem efeito direto sobre a dopamina,
neurotransmissor associado à sensação de prazer, e o resultado de tal
combinação é a forte conexão entre mãe e filho, que, influenciado pela atenção
recebida, retribui.
“Os
meninos não aprendem no playground que os seios são algo para se interessar.
Essa fascinação é biológica e profundamente enraizada em nosso cérebro”, afirma
a dupla de autores, que defende a tese de que o mesmo mecanismo desencadeado
durante a amamentação virá a se manifestar quando um homem se relaciona
sexualmente com uma mulher. “É um impulso evolutivo inconsciente, capaz de
ativar poderosos circuitos de ligação, criando um vínculo amoroso e
estimulante”, completam. Para a sexóloga e educadora sexual Ivana Almeida Silva
Marques, no entanto, a fixação masculina pelos seios vai além do resquício
hormonal e sofre grande influência cultural. “Anos atrás, a bunda dominava a
preferência nacional. Natural, já que o biotipo da mulher brasileira é
caracterizado por quadris mais largos e seios menores. A valorização desmedida
dos sutiãs fartos é originalmente americana, uma moda que foi exportada – e
abraçada – pelo mundo. Por isso, é muito difícil dizer que todos os homens dão
tamanha importância aos seios desde sempre”, explica. Guilherme Conti Marcello,
psicólogo e psicoterapeuta do Hospital das Clínicas (SP), concorda. “A ideia de
que essa ligação é puramente hormonal compartilha os preceitos do que a
psicanálise chama de Fase Oral, representada na fixação do bebê pela boca e,
sobretudo, pelo seio. Mais tarde, no entanto, vimos que, muitas vezes, o dedo
na boca era fruto de um processo natural, como o nascimento dos dentes, que faz
a gengiva coçar. Quando os autores fazem essa conexão biológica, retomam
concepções de Darwin, numa linha americana conhecida como Behaviorismo. Para
eles funciona muito bem, mas é complicado afirmar, na América Latina, mais
ainda especificamente no Brasil, que toda atração masculina pelo seio vem de
uma memória tão anterior”, diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário