O Brasil tem hoje a menor taxa de juros de sua
história moderna. Mas é ainda a segunda maior taxa do mundo. Em verdade, na
América, na Europa e no Japão a taxa de juros é negativa há já algum tempo.
Quer dizer, taxas inferiores às respectivas taxas de inflação. Portanto, se há
uma oportunidade para o Brasil trazer sua taxa de juros a um patamar civilizado
e em linha com o padrão internacional é agora.
E o governo da presidenta Dilma está claramente
buscando isto. Mas não creio que será assim tão fácil. Mais que isso, duvido
que seja indolor. E sei por experiência própria. Foi eu falar claro sobre isto
em minha campanha à presidência e o mundo do poder real em nosso País desabou
em cima de mim. E Lula viu a necessidade e a oportunidade de escrever a famosa
“carta aos brasileiros”. Acusei o golpe e a chamei de carta aos banqueiros. Foi
bom pro Brasil, afinal.
Volto ao assunto só porque acho, comovidamente, que
nuvens escuras se aproximam por sobre nosso governo. Parte é visível, parte
clandestina.
Na parte visível, as penas alugadas já germinam
grande pressão sobre o Banco Central. Tombini, que conduz com grande
profissionalismo a diretoria do BC, já sentiu necessidade de declarar que as
decisões são técnicas, “independentes”, querendo responder à provocação de que
Dilma controla o Banco Central. E é uma graça pra quem tem minha vivência, ver
os bancos privados correrem atrás da decisão dos bancos públicos de saírem do
oligopólio e baixarem unilateralmente suas taxas de juros na ponta da
freguesia, aonde o abuso e a usura são ainda mais escandalosos e sem precedente
no mundo.
Esta pressão vai se agudizar muito proximamente. É
a taxa Selic aloprada que causava a artificial taxa de câmbio, valorizando o
real de maneira a que fica mais barato viajar pra Miami, saindo de São Paulo,
do que viajar para Fortaleza, quando todo mundo sabe que Fortaleza é muito
melhor do que Miami.
Nenhum comentário:
Postar um comentário