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domingo, 15 de julho de 2012

: COMPLICAÇÕES POLÍTICAS

                                                    
Há pouco tempo, o cenário político do País, especialmente o baiano, era plenamente visível ou supostamente visível, já que as pedras sobrepostas na última eleição continuavam tal como estavam. Os fatos decorrentes do natural processo político, especialmente a campanha eleitoral que se inicia, encarregaram-se de estabelecer uma nova realidade, tanto aqui na Bahia como no País de modo geral. É sempre assim. Se não estão convulsas, as legenda políticas apresentam mutações envolvendo aliados ou, de outra maneira, oferecem sinais de fadiga. É o caso, por exemplo, do PT, que caminha para completar 12 anos de poder. O ciclo de um partido no poder, exceto em período de quebra institucional, se sita entre 14 e 16 anos. Dezesseis anos foi o período contínuo do carlismo na Bahia, ininterrupto, de 1990 a 2006. Para se consolidar, começou nos anos 60, seguindo-se com o período ditatorial, excetuando os quatro anos do excelente governo do Prof. Roberto Santos, em meados dos anos 70.

Já citei aqui um dito popular, utilizado em outros tempos em regiões da Bahia. Ensinava: “Cada cão manda seis meses”. Aplicava-se à política. Observo sinais de que um ciclo está prestes a se encerrar. No plano nacional, dois aliados, o PT e o PSB, já não estão tão aliados assim. Pelo contrário, os socialistas começam a buscar espaços com dissidências em relação aos petistas em diversas capitais. Lula está a cometer derrapagem de tal modo que já não se pode dizer se ele continua o brilhante político de antes ou a doença deixou seqüelas que o confundem nas medidas que adota. O patético aperto de mão em Maluf, num ato de amor descarado, deixou marcas e uma lição que termina colocando-o no mesmo balaio onde está Salim, o político que chegou a ser o mais odiado e cínico do País.

O ex-presidente tem errado muito. Todos os indícios demonstram que perderá a eleição paulistana. Além do mais, embolou a campanha do Recife impondo um candidato que gerou reação do presidente do PSB, Eduardo Campos; se meteu com o que negou no seu primeiro governo, o mensalão; viu mais de meia dezena de ministros que deixou de herança para Dilma serem demitidos por corrupção. Enfim, ele não sabe como se comportar. Parece não entender para que lado vá. A presidente Dilma, através dos seus porta-vozes, revela que não pretende se envolver nas campanhas municipais, País afora. Lula quer (pretenderia vir à Bahia), mas tudo depende do seu estado  de saúde e de permissão médica.

Nos estados e País a fora a situação também se complica. A visibilidade para a sucessão governamental de 2014 é praticamente nenhuma. Aqui no Estado há problemas instalados que envolvem greves e, consequentemente, geram problemas para a imagem do governo de maneira geral. Até aqui, não há candidatos densos, na área do governo, para a sucessão de Wagner. Contam-se o senador Walter Pinheiro, que nada diz a respeito; o secretário de Planejamento, José Sérgio Gabrielli (que está sob forte fogo da sua sucessora na Petrobrás, Graça Foster, que desconstrói a sua gestão) e dois prefeitos de municípios da região metropolitana, Moema Gramacho e Luis Caetano, cujas possibilidades de algum êxito são remotas.

Na oposição a situação é bem semelhante. Tudo dependerá das eleições municipais de outubro. Dos resultados envolvendo êxitos e insucessos, o cenário para 2014 pouco a pouco vai se tornar mais claro. É bom observar que o PT está praticamente sob cerco das circunstâncias, a começar pelo julgamento do mensalão que se inicia no primeiro dia de agosto e estará concluído na segunda quinzena  de setembro, o que leva a crer que poderá ter forte peso nas eleições municipais, causando maior prejuízo ao PT, se houver condenação dos mensaleiros.

Tem mais. Dilma herdou um governo que projetou sobre o mandato dela dificuldades econômicas, resultado da crise européia. O que agora ocorre não é nenhuma “marolinha”, como dizia Lula na crise de 2008/09. Observa-se uma queda nas exportações brasileiras, envolvendo o setor das commodities e, também, de forma acentuada, uma crise no setor industrial. O PIB cai, desconfia-se de que o Brasil possa permanecer cambalear no grupo dos Brics. Enfim, os horizontes da economia para esse ano são também nebulosos. Num corte do tema, é bom acompanhar o processo político-eleitoral de Salvador. Qualquer deslize do governo poderá ter sérias conseqüências na sucessão de 2014 e aumentar as dificuldades dos pretensos candidatos à sucessão de Jaques Wagner.

* Por Samuel Celestino

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