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domingo, 21 de setembro de 2014

Só nos últimos 30 anos, a China cresceu 10 vezes mais que o Brasil

Em 1984, as exportações do Brasil, China e Coreia tinham praticamente a mesma participação no comércio mundial – aproximadamente US$ 25 bilhões, que representavam 1,3% do mercado. Trinta anos depois, as exportações brasileiras passaram a representar 28% do volume movimentado pela Coreia e 12% da China.

O cenário, complementado com a queda na participação do país no comércio mundial no período, de 1,3% para 1%, pode ser explicado pela redução de competitividade da indústria nacional, afirmou, ontem, o sócio da Kaduna Consultoria e ex-diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo Roberto Giannetti. O economista foi um dos participantes do seminário Polo de Camaçari em Debate – Uma Discussão a Favor do Estado, realizado pelo Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) e o CORREIO, com apoio da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).
Para o economista Roberto Gianetti, é preciso elevar a produtividade (Foto: Evandro Veiga)

“De 1984 para cá, a China cresceu 10 vezes mais que o Brasil, e a Coreia, três vezes mais. É para isso que nós precisamos acordar, porque ficar dormindo em berço esplêndido, achando que os recursos naturais são suficientes, é um engano. Não é suficiente para manter os empregos e o futuro de nosso país”, advertiu Giannetti.

Ele lembrou que, na década de 80, o Brasil vivia um momento diferente no mercado internacional, motivado pela indústria. “O país estava presente no mercado internacional de uma maneira bastante agressiva, conquistávamos. Para o economista Roberto Giannetti, é preciso elevar a produtividade mercados na Ásia, África, América Latina para veículos, tratores, bens industriais, produtos químicos, aço, entre outros”, lembrou, acrescentando uma situação quase inacreditável nos dias de hoje: em 1985, esteve na China para vender aço brasileiro lá. “Penso que deve ter sido uma ilusão. Hoje ela está com 600 milhões de capacidade instalada, inunda o mundo de aço e é o maior comprador de minério de ferro do Brasil”, lamentou.

Para ele, o Brasil, diferente de outros países do mundo, não investe na competitividade da indústria nacional. “O fato é que nós perdemos competitividade ao longo dos anos e o Brasil foi ficando para trás da Coreia, da China e, inclusive, foi ficando para trás em relação aos nossos vizinhos. Hoje, Chile e México têm um nível de produtividade do trabalho melhor que o Brasil”, disse.

Além da perda de espaço lá fora, outro reflexo do problema pode ser constatado em território nacional. Entre 2011 e 2014, a indústria brasileira apresentou uma retração de 1%. No mesmo período, o comércio acumulou um crescimento de 19%. Como isto é possível? “Quem capturou essa movimentação foi o produtos importado, que cresceu acima de 25% nos últimos anos. É muito difícil compreender que um país tenha chegado ao estágio em que nós chegamos e voltar atrás”, disse Roberto Giannetti.

Para o economista, a indústria brasileira sofre com o acúmulo de custos aos quais a atividade não estaria sujeita em países concorrentes. “Há uma expressão para o que considero um dos problemas mais graves. Dizem que a gente vive em um manicômio tributário. Mas também há questões ligadas ao custo do capital, de oportunidade, logísticos, dentro de uma infraestrutura defasada no mínimo dez ou quinze anos em termos de investimento”, enumerou.

FUTURO EM DEBATE
 O presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, destacou a importância de se debater o futuro da Bahia. “Discutir o Polo é discutir a economia baiana, que tem papel de destaque na economia do país. Foi o polo que transformou a realidade da nossa terra, desenvolveu a indústria e transformou a Bahia cacaueira em uma potência industrial”, destacou, lembrando a representatividade do complexo industrial de Camaçari, responsável por aproximadamente 30% da economia do estado.

O vice-presidente da Fieb, Ricardo Alban, lembrou que nos próximos meses serão tomadas decisões fundamentais para o futuro da indústria baiana. Ele se referiu aos contratos para o fornecimento de energia para as empresas que fazemos o intensivo de energia elétrica, chamadas de eletrointensivas, e o contrato de fornecimento de nafta, principal matéria-prima da cadeia petroquímica, entre a Petrobras e a Braskem.

“As empresas de base têm que ter investimentos de médio e longo prazos e, por isso, existem decisões políticas no curto prazo que afetam em projetos e orçamentos numa perspectiva de competitividade”, disse, ressaltando que a Federa.
Fonte: Correio da Bahia

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