Nem o deputado Paulo Maluf, nem o ex-governador do Distrito Federal
José Roberto Arruda, notórios fichas-sujas, estão tendo tanta
dificuldades para fazer a campanha eleitoral deste ano quanto o vereador
Marco Prisco, candidato a deputado estadual pelo PSDB da Bahia.
Devido às restrições impostas pela 17ª Vara Federal na Bahia, Prisco
corre o risco de não poder votar em si próprio no pleito. Isso porque a
Justiça determinou que nos fins de semana e feriados ele está proibido
de sair de casa. Como a eleição é no domingo, não poderia comparecer ao
local da votação.
A Justiça determina ainda que ele não pode ficar na rua após as 20 horas de segunda a sexta-feira.
Prisco está sendo processado com base na Lei de Segurança Nacional por
ter liderado a greve da Polícia Militar baiana de 2012 como
presidente da Associação dos Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra).
Mas ele foi preso em abril deste ano ao comandar nova paralisação da
polícia e negociar o fim do movimento com o governo do estado.
Registro
O pedido de prisão foi determinado pela 17ª Vara Federal, e o vereador
levado para o Presídio da Papuda, em Brasília, onde passou 45 dias, até
sua prisão ser revogada.
Prisco não teve problema com o registro de sua candidatura no Tribunal
Regional Eleitoral porque seu processo não transitou em julgado (ou
seja, ainda cabem recursos), mas as restrições do processo na Justiça
Comum o impedem de fazer campanha como os outros candidatos.
Ele só pode pedir voto em Salvador e por meio do horário político. Além
de ser impedido de sair da capital baiana, sua presença está vetada em
quartéis da PM e associações de militares.
"Meu processo não entrou nem em fase de instrução, não fui julgado e
sou tratado como um condenado. Os presidiários têm direito de votar, eu
não", reclamou.
A advogada do candidato Marcelle Maron insiste. "Até mesmo os presos
provisórios podem exercer o direito constitucional de voto, já que as
urnas vão até eles".
Ela explicou que mesmo após os argumentos que embasaram o pedido de
prisão de Prisco por 90 dias terem caído por terra (manutenção da ordem
pública durante a Copa do Mundo no Brasil), o procurador-geral da
república, Rodrigo Janot, continua a pedir a prisão do candidato por 180
dias em presídio federal. "Não existe mais qualquer motivo para
prisão", interpreta a advogada.
Ela apresentou recurso contra as restrições de Prisco ao Supremo
Tribunal Federal e caberá ao ministro Ricardo Lewandowski julgar.
Fantasiados
Para compensar os impedimentos, cabos eleitorais e amigos de Prisco
mandaram fazer máscaras com a cara dele e, devidamente "fantasiados" do
candidato, comparecem e realizam eventos nos fins de semana em favor da
candidatura. Domingo passado promoveram uma carreata que saiu do Largo
de Roma.
Conforme Uelba Alves, que trabalha no gabinete do candidato na Câmara
de Vereadores, a estratégia da máscara é "a forma pacífica de apontar o
fato de Prisco ser o único candidato em solo nacional que não pode
participar da própria campanha".
Segurança
Como não poderia deixar de ser, nos cartazes de sua campanha, Prisco dá ênfase à questão da segurança pública da Bahia.
Em uma das peças, os 37 mil homicídios ocorridos em um ano no estado
são citados ao lado da frase "É preciso mudança". Em uma outra, ele
explora a própria situação judicial em que se encontra com a frase "não posso votar em mim mesmo" e o carimbo "absurdo".
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