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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Renovação é a única saída

  

     
De maneira geral, o PT tem uma militância despreparada. É esta militância que aparelha o poder, na União ou nos Estados onde detém o governo, como na Bahia. Não se há de negar que existem grandes nomes, de igual modo, preparados e competentes na legenda.
O julgamento do mensalão funcionou como uma paulada. Antes, do inferno astral alcançara Lula que passou dificuldades no combate a um câncer na laringe e, depois de curado, se viu cercado por personagens menores. Preferiu manter-se em profundo silêncio, o que fez muito bem. Melhor do que tagarelar. Ainda se encontra nesta fase. Tais personagens foram aqueles alcançados pela Operação Porto Seguro, entre os quais Rosemary Noronha, que se diz, mas não se prova, namorada do líder. Agora, com o partido dividido, há os que entendem, e estão corretos, que o Partido dos Trabalhadores necessita passar por uma renovação.
     
Outros integrantes, e esses são maioria, defendem o enfrentamento com os contrários, especialmente com a imprensa. Pensam errado. Dentre eles o presidente nacional do partido, Rui Falcão, que demonstra, sempre quando se pronuncia, ser de uma intolerância que mais complica a legenda do que beneficia.
     
Falcão é da corrente de Dirceu, que esperneia a todo o momento, mas nada tem o que fazer mesmo, além de espernear, porque tem à sua frente um pena a cumprir que vai alem dos 10 anos. Os recursos jurídicos que apresentará – como os demais mensaleiros e condenados o farão – não devem surtir os efeitos que imaginam todos eles porque os ministros do Supremo estudaram bem o processo  do mensalão. Até os ministros que se presumia vinculados aos interesses do Palácio do Planalto, com exceção de dois deles, votaram pela condenação.
   
Nesta segunda feira divulgou-se uma entrevista do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, que compõe o bloco dos petistas esclarecidos. Disse ele: “Integro uma corrente de opinião no PT que é minoritária, tem em torno de 40% dos delegados, a Mensagem ao Partido. Ela entende que o partido precisa passar por uma profunda renovação, e essa renovação passa pelos métodos da direção; pelas relações do partido com os governos; por novos métodos de participação da base; e por uma avaliação muito mais profunda do que foi feito até agora sobre o que ocorreu nesta Ação Penal 470.”
     
Creio que aqui na Bahia o governador Jaques Wagner, que nunca foi de opinar muito durante o julgamento do mensalão, se inclui no que pensa Tarso Genro quando acentua a necessidade de “relação do partido com os governos”. Ou estou equivocado ou é justamente esta forma de agir que percebo nas relações entre Wagner e o prefeito de Salvador, ACM Neto. Em partidos diversos, eles procuram o dialogo para integrar os interesses do governo estadual com o da Capital. Talvez o governador esteja procurando uma saída para o debacle, construído por fatos diversos no ano eleitoral de 2012. Bem reparado pela diferença de votos entre Neto e Pelegrino, o PT foi derrotado em Salvador pelo próprio PT. Especialmente pelas greves como a dos professores, que prejudicou imensamente o alunado, de ano perdido, e pela paralisação da Polícia Militar.
   
Não entendo que seja o PT que, exclusivamente, necessita de reovação. O sistema pluripartidário brasileiro é uma lástima. Não dá para conceber nenhuma salvação para as legendas, com exceção, talvez – e o “talvez” no caso é necessário – para o PSB que procura se renovar e tem à frente um político novo, como Eduardo Campos. E os demais? São todos envelhecidos e cito duas legendas com exemplo: o PMDB, geleia geral que vive à sombra do poder; e o PSDB que é muito diferente do tucanato que se desprendeu do PMDB na Constituinte para formar uma legenda depurada. Hoje, está velha, como todos os outros partidos, com a exceção citada (e não vejo outra) que partilham dos mesmos vícios e interesses republicanos.
     
O governador Tarso Genro diz, em sua entrevista, que “A agenda do partido não pode ser a agenda da Ação Penal 470. O que o partido tinha que fazer já fez. Já fez o manifesto, já deu a solidariedade que tinha que dar. O partido tem que tratar da sua vida. Ele é um projeto para a sociedade, não um projeto para ficar amarrado a uma pauta, que inclusive foi constituída por indivíduos e dirigentes, e não por decisões do partido, para que aqueles fatos ocorressem, fatos esses narrados na Ação penal 470. A agenda PT tem que ser a reforma política.”
   
O gaúcho está raciocinando numa linha correta. Considera, ainda que ao PT cabe definir regras rígidas em relação aos seus dirigentes “seus quadros e seus vínculos com a iniciativa privada”. Está aí, na ultima palavra, o “X” da questão. Enquanto as legendas, PT principalmente, mantiverem ligações próximas com o setor empresarial, poderão, e certamente cairão, em tentação da corrupção. Privado e público não se devem misturar em questão de poder. Quando isso acontece no Brasil de forma escancarada, daí para a corrupção é um passo. Não mais do que um. A tentação é maior do que os princípios éticos e morais.

Fonte: Coluna A Tarde - Samuel Celestino

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