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domingo, 9 de novembro de 2014

Queda dos velhos partidos

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A reforma política passou a ser uma exigência da população. A realidade aponta, também, que o grande interesse deve estar nos partidos políticos tradicionais brasileiros, inclusive o PT e o PMDB.

Desde a primeira eleição de Lula até a eleição de Dilma neste outubro que se foi, o PT perdeu nada menos do que 23% da sua então representação na Câmara. É um partido em queda, assim como o PMDB, que leva como consolação o "prêmio" de ter feito maior bancada do que o seu aliado nesta última eleição.

Poucas cadeiras a mais. Sobre o DEM a situação é outra: enfrenta um momento fúnebre que certamente o levará ao seu desaparecimento da cena política brasileira. As dificuldades para as legendas tradicionais são de tal ordem que, segundo o jornal "Estado de S.Paulo", as novas legendas que surgiram após o primeiro presidente eleito nesta fase posterior à ditadura, ou seja, do governo Collor para cá, eles só não passarão a comandar a Câmara dos Deputados por não se entenderem.

Os "velhos", a começar pelo PT, perderam 51 cadeiras no somatório deles. O DEM perdeu 25 deputados; o Partido dos Trabalhadores despencou 18 cadeiras; o PDT, nove; o PP, cinco; e o PCdoB, 5. O PSDB e o PSB, nesta última eleição, não cresceram nem encolheram. Todos juntos, somados ao PMDB, já não são maioria. Têm 225 deputados quando a maioria absoluta é de 257, que agora está nas mãos dos novos partidos.

Desta forma, fica mais difícil governar o país. As pequenas legendas, como não se afinam, certamente farão exigências de cargos, quiçá ministérios, que já são estonteantes 39, o que dificulta a redução dos gastos necessários ao governo de Dilma a partir de janeiro. A presidente, diante da situação de crise econômica que envolve o Brasil, ou reduz o tamanho do Estado ou fracassa.

Como se entender com os novos partidos e contentar os "velhos", a começar pelos PT e PMDB? Esta pergunta deixa à mostra a sombra do iceberg que dificultará a governabilidade no segundo mandato da presidente, levando as atenções para o Congresso Nacional, especialmente a Câmara, sem reduzir a tendência de o Senado servir de sustentáculo, diante da possibilidade de também agir, vez por outra, como oposição.

A democracia brasileira, portanto, está em processo de mudança. Isto leva a crer que o velho ficará para trás. Daí a preocupação de Lula, que já olha para 2018, mas terá que renovar o PT por estar diante da possibilidade de um colapso eleitoral mais adiante, assim como as agremiações que comandavam a Nova República na época de Tancredo Neves.

Dilma Rousseff terá pela frente o enigma da esfinge de Édipo a perguntar aos viajantes a mesma questão: "Decifra-me ou devoro-te". A presidente passou alguns dias em Inema, aqui na Bahia, certamente a refletir sobre o que irá fazer para enfrentar as imensas dificuldades que terá pela frente. O seu primeiro momento será arrumar o novo governo, a começar pelo Ministério da Fazenda. Compor os demais cargos seguramente sob pressão (possíveis arranhões) dos partidos políticos e, depois, enfrentar o dragão da maldade do seu primeiro período: a demolição que se observa na Petrobrás pela corrupção.
Por Samuel Celestino

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