Especialistas em geração de energia eólica e solar têm expectativa de
criar milhares de vagas relacionadas ao setor na Bahia após o leilão
feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no dia 31 de
outubro. Os novos parques eólicos têm potencial para geral mais de 5 mil
vagas no Estado e devem absorver ainda boa parte dos 10 mil empregos
diretos e 15 mil indiretos que podem ser gerados até 2017.
"Não quero falar um número preciso, mas podemos mencionar milhares de
vagas que serão criadas", disse, cauteloso, Rafael Valverde,
superintendente de Indústria e Mineração da Secretaria de Indústria,
Comércio e Mineração (SICM).
A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), por sua vez,
usou os parâmetros internacionalmente utilizados para calcular a
abertura de postos de trabalho por megawatt gerado no setor e estimou:
serão mais de 5 mil vagas criadas no Estado, desde engenheiros até o
pessoal de limpeza.
"Ainda não é possível estimar quantos empregos técnicos serão criados,
mas no total devem surgir em torno de 5,6 mil vagas", declarou a
presidente-executiva da Abeeólica, Elbia Melo.
Em todos os novos parques a serem criados, em diferentes cidades
baianas, serão contratadas pessoas para cuidar da manutenção dos
equipamentos, mas a maior parte dessas vagas vai se concentrar mesmo na
Região Metropolitana de Salvador, onde estão instaladas as fábricas de
aerogeradores e pás que abastecem o mercado brasileiro. Estima-se que
para cada pá construída são acionados 100 trabalhadores.
Para dar conta da crescente demanda, a Alstom está investindo em
capacitação profissional e colocou os funcionários de sua fábrica em
Camaçari para trabalhar em três turnos. A Tecsis, por sua vez, anunciou
que deve contratar 1.500 funcionários até o fim de 2015.
Elbia Melo, da Abeeólica, destaca que o número de empregos criados na
Bahia pode aumentar ainda mais, pois o estado, segundo maior parque
eólico do país, atrás do Rio Grande do Norte, é o que tem avançado mais
na contratação no setor.
Potencial solar
Em todo o País, a região Nordeste é a que oferece melhores condições
para o aproveitamento do sol como fonte e energia. E tendo praticamente
um terço do território nordestino, a Bahia deve absorver boa parte dos
10 mil empregos diretos e 15 mil indiretos que o setor deve criar no
país ao longo dos próximos três anos, número estimado pelo engenheiro
Roberto Zilles, professor do Instituto de Energia e Ambiente da
Universidade de São Paulo e presidente da Associação Brasileira de
Energia Solar (Abens).
Para chegar a esses números, ele recorreu à Nota Técnica DEA 19/14,
publicada recentemente pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que
estima a criação de 9,5 postos de trabalho diretos e 15 postos de
trabalho indiretos por MW instalado.
Zilles destaca que o leilão de reserva realizado no último dia 31 de
outubro é a primeira experiência no país de instalação representativa
de sistemas fotovoltaicos centralizados, e que, portanto, ainda não é um
referencial quanto aos postos de trabalho que poderão ser criados. A
referência internacional, apresentada pela European Photovoltic Industry
Association (EPIA) aponta 15 postos de trabalho diretos para cada MW
instalado e 30 indiretos.
"Não se pode transpor diretamente estes números para a realidade
brasileira", afirma o professor, lembrando que ainda não há uma
indústria de equipamentos estabelecida. A vantagem é que,
diferentemente da energia eólica, a geração de empregos pela energia
solar não se concentra em uma região. "No final de 2017 poderemos
avaliar se a estimativa para o mercado brasileiro estava correta", diz.
Fonte: A Tarde
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