Total de visualizações de página

sábado, 13 de dezembro de 2014

O voo de galinha e os custos da candidatura


  • "O custo da candidatura à reeleição de Dilma é inimaginável"
Arenomada revista inglesa The Economist escolheu o Brasil como tema para uma extensa reportagem de capa em sua edição mais recente, onde busca explicações para uma pergunta pertinente: por que, mesmo dispondo de potencial interno invejável e atravessando conjunturas externas favoráveis, o Brasil não decola, nem consegue acompanhar o ritmo de crescimento dos outros países emergentes, apresentando o pior desempenho entre eles?

A matéria, de ótimo conteúdo jornalístico, foi taxada pelos assessores do Planalto e a militância petista como uma espécie de “encomenda” oposicionista para desmerecer o governo Dilma, quando se trata de uma análise profunda dos fatores que ora travam o nosso desenvolvimento e que podem ser resumidos em duas vertentes básicas: o foco único no palanque, na perpetuação do poder partidário, na reeleição da presidente-candidata e, mais grave, a tentativa ideológica de transpor para o Brasil um modelo “bolivariano” de gestão pública, ignorando a grandeza, a história e a diversidade da nação.

O custo da candidatura à reeleição de Dilma é inimaginável e os estragos são já evidentes. Estão explícitos nos 40 ministérios e nas 13 empresas federais criadas de 2004 a 2013 para acomodar “companheiros” dos partidos da base, numa gastança desenfreada “como nunca dantes neste País”. No mais, a nossa durona e inflexível gerente-candidata-presidente anda a “fazer o diabo” em função do palanque/2014, acobertando escândalos como o do Ministério do Trabalho, calando boca, olhos e ouvidos para os desmandos, ameaças e chantagem explícita do titular da pasta. A candidata capricha na imagem cuidando de factoides eleitoreiros, tipo o episódio da embaixada boliviana, os médicos cubanos e o discurso inócuo na ONU.

Enquanto isso, o País patina com crescimento pífio, volta da inflação, perda de credibilidade internacional e do empresariado nacional em função de quebras de contratos, regras que mudam de uma hora para outra, perda de confiança. Convivemos com apagões de energia e a paradeira geral, de sul a norte. Tornamo-nos um imenso canteiro de obras paradas e inacabadas. O caráter intervencionista controlador do governo tem devorado aos poucos a economia, afetando já o setor de gás, energia, comunicações, transportes, rodovias... até a nossa gigante Petrobras.

A reportagem da The Economist deixa claro que um dos maiores entraves para o crescimento é a precária infraestrutura. E perguntamos por que o PAC não conseguiu até agora concluir 20% das obras prometidas; por que as tais “concessões” de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias não andam; cadê a Transnordestina, a Fiol, a ampliação e modernização dos portos e aeroportos, como se explica o abandono dos canteiros da transposição do São Francisco, com prejuízos incalculáveis? Por que não investimos em silos de armazenamento da produção agrícola – a China acaba de cancelar a compra de dois milhões de toneladas de soja em função de nossos gargalos internos; até onde vamos com uma carga tributária em torno de 36% do PIB? Até quando teremos a maior taxa de analfabetos funcionais? Para concluir, lembramos que o Brasil aplica somente 1,5% do PIB em infraestrutura, enquanto a média no mundo é de 4% e por isso temos a 114ª pior rede de infraestrutura entre 148 países avaliados.

Apresentamos o pior desempenho entre os países emergentes porque aproveitamos mal a volumosa quantia de dinheiro que entrou no País nos últimos anos, e estamos a ver passar de portas abertas o bonde da história. Tivemos a chance mas não decolamos, fizemos um “voo de galinha” (chicken flight, como diz a The Economist) apenas, tentando vender eleitoralmente estádios modernosos superfaturados, Copa e Olimpíadas, trens-bala, médicos estrangeiros e afins, enquanto a saúde continua precária, o ensino é lastimável, a insegurança nos transforma numa sociedade do medo, as cidades travam e a propaganda já não mais engabela. Queremos mudanças de verdade. Sonhamos que as urnas de outubro de 2014 nos mostrem que há esperanças num Brasil renovado, no caminho do futuro.
Por:  Antonio Imbassahy | Deputado federal (PSDB) - A Tarde

Nenhum comentário:

Postar um comentário