Deu-se que o velho e o menino estavam levando um burro pela estrada, os dois a pé, o burro livre de carga. Passaram por um homem que riu deles: "Onde já se viu um velho e um menino a pé e um burro sem ninguém em cima!".
O velho deu razão ao homem e montou no burrro. Mas, logo adiuante passou outro homem que o criticou: "Onde já se viu um velho safado montado no burro e um pobre menino a pé!". O velho desceu e mandou que o menino montasse no burro. Mas outro homem, logo a seguir, reclamou em nome do respeito às gerações: "Onde já se viu um menino abusado no burro e um velho cansado, caindo pelas tabelas, a pé!". O velho achou que o homem tinha razão. Montou também no burro, que ficou com os dois em cima. Mas não demorou muito e um outo homem reclamou: "Onde já se viu um velho safado e um menino folgado montados num pobre burro!". Era coisa de reclamar à Sociedade Protetora dos Animais: dois seres humanos, na crueldade própria dos humanos, explorando um animal indefeso. O velho já andara a pé e montado no burro. Já colocara o menino no burro, já deixara o burro livre de carga. Todas as alternativa tinham sido tentadas, menos uma. Para agradar ao próximo homem que encontrasse, ele decidndo que os dois, velho e menino, levassem o burro nas costas. Não deu outra. O próximo homem ficou escandalizado: "Onde já se viu isso! Um burro vagabundo sendo levado nas costas por um velho cansado e por um frágil menino! O mundo está mesmo perdido!".
Bom, não havia jeito de agradar a todos. O melhor que faziam era se lixarem para a opinião alheia.
Evidente que há uma solução para o problema: é deixar de existir, pela absoluta impossibilidade de agradar a todos.
Carlos Heitor Cony - 29/06/2001.
Postado por Luiz de Maroca - 03/06/2012
Carlos Heitor Cony - 29/06/2001.
Postado por Luiz de Maroca - 03/06/2012
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